segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A PRESENÇA EUROPEIA NO CONTINENTE AFRICANO – COLONIZAÇÃO

 

Exploração Europeia na África. 


          Por um período na história, prevaleceu-se o pensamento de que a Europa, bem como os europeus, representava o estágio mais desenvolvido e avançado na “escala do desenvolvimento humano”. Ao decorrer do século XIX as ideias de evolução propagadas por Charles Darwin deram embasamento para que nações europeias promovessem campanhas de colonização em outros continentes, como Ásia e África. Além dessa ideologia de superioridade eurocêntrica, nesse contexto o capital necessitava de novos mercados, mão de obra barata (escrava) e fontes de fornecimento de matéria-prima. Então, para os europeus, as nações desses continentes representavam o estágio primitivo ou inferior na régua da evolução usada por eles. Toda essa configuração histórica, de um processo que violentou culturas e etnias além de corpos, ainda faz parte da estrutura econômica e da mentalidade de muitas nações, senão todas.

        Podemos entender que o contato dos europeus com o continente africano começa já no século XV quando os europeus avançam para aquele continente em busca de trocas comerciais. No século XV, com a chegada dos portugueses à África, a escravidão se avolumou e as guerras se multiplicaram. Alguns líderes africanos (príncipes e reis) desejavam armas de fogo para manter ou ampliar seu poder. Os europeus, por sua vez, desejavam escravos. Assim a troca de pessoas por suprimentos e armas era uma prática que acentuou a escravidão de pessoas. Iniciou-se, então, o tráfico humano, com o objetivo de conseguir prisioneiros para trocá-los por armas de fogo.

Em consequência desse contato entre o europeu com o continente africano, os europeus buscaram legitimar as suas ações imperialistas através da produção que, mesmo parecendo inocente, transmitia a sua ideologia neocolonial. Essa produção podia ser de livros, textos, panfletos ou até mesmo HQs. A exemplo disso temos a figura de Tintim em suas aventuras no Congo, colônia belga. Apesar de ser uma história em quadrinhos para crianças, transmitia intensamente a ideologia dos colonizadores, passando a ideia de que o povo era primitivo, atrasado, não era desenvolvido e que precisava de um herói para salva-los além de líderes para guia-los. Com isso, na colônia criou-se um retrato favorável às ideias colonialistas da Bélgica: o inocente povo africano precisa ser "salvo" pelos sábios europeus. O Zimbabwe, por exemplo, sempre foi um país governado por outro europeu. Durante um tempo por espanhóis e portugueses, mas os principais foram os britânicos na década de noventa do século XIX, tornando-se independente só em 1923. Esse país, como os outros, sofreu com muitas guerras, principalmente por uma minoria branca viver por ali devido a colonização e queriam simplesmente comandar e os negros não aceitavam. Em 1964, o Reino Unido concedeu a independência à Rodésia do Norte, com o nome de Zâmbia, mas a sua independência só foi reconhecida quinze anos depois, em 18 de abril de 1980, com o nome de Zimbabwe.



Grande Zimbabwe, extensas ruínas de pedra de uma cidade africana da Idade do Ferro.

Na faceta do capitalismo, o imperialismo neocolonial representa a luta entre classes na África, já que a sucessão de golpes de Estados reacionários, na África ocidental e central, e a eclosão de diversas guerras civis demonstram a natureza desse antagonismo e a relação existente entre os interesses neocoloniais e os da burguesia local.  O colonialismo, ao se inserir na sociedade, aboliu a propriedade comunal em proveito da propriedade privada fazendo com que as estruturas socioeconômicas dessas sociedades se dissolvessem fazendo com que as economias coloniais se ligassem ao mercado capitalista após essa dissolução.   

A Antropologia Cultural nos propicia a compreensão de que urge lutar contra essa herança estrutural do neocolonialismo visto que ela nos leva a estudar a cultura do outro, colocando em posição de inválido todos os argumentos usados pelos europeus para as suas ações citadas acima. Além disso, a História da África está ligada na corrida Imperialista - e a sua descendência por vários continentes, com o seu passado de expropriação, escravidão e violências - com uma História do Tempo Presente em que se apresenta parcelas significativas da sociedade arrastando as correntes de um racismo estrutural. Por exemplo, ainda há muitos monumentos na Bélgica que glorificam o passado de colonização belga, dispostos nos Parques de Antuérpia, Bruxelas e outras cidades da Bélgica - bem como em outras nações que submeteram o africano as violências da escravidão e domínio territorial -, a maioria desses documentos datam do período entre guerras (1914 a 1945), no auge da propaganda patriótica que gerou o nazifascismo. Isso salienta a necessidade dos movimentos contra o racismo e a violência ao negro as exigências de descolonização do espaço público bem como da mentalidade racista. 


Confira agora o podcast!

No podcast de hoje iremos falar sobre a colonização da África e suas consequências enraizadas até os dias atuais.